Vítima:
um cachorro. Agressor: Joabia Batista da Silva. O barulho que saía de
dentro da casa chamara a atenção dos moradores que moram na Rua Heitor
Dias, no bairro da Boca
do Rio, em Salvador. O ruído de dor ecoava pelo estreito caminho entre a
sala e a porta de madeira que beira à via principal. Um cão chorando
alto e uma mulher gritando:
"Isso é para você aprender". As imagens que registraram este fato
relatam uma agressão que, de acordo com os vizinhos, acontece há muito
tempo.
A vizinhança relatou que o cão - um mestiço
de pelo preto brilhante - não comia direito e ficava constantemente
preso a uma corrente que mede
por volta de 70cm. Por muitas vezes, o animal ficava sem água para
beber, valendo-se apenas dos pingos que caíam da roupa estendida no
varal. "Ela o espancou bastante
e fazia isso na frente das crianças", afirmou a vereadora Ana Rita
Tavares (Pros), que acompanhou o resgate do animal na noite de
terça-feira (21). "O animal estava
amarrado com uma corda, atrás da porta e já verificamos que ela atende a
um histórico de agressão a animais", relatou a edil, que já entrou com
um agravante com base
no estatuto da criança e do adolecente. "Ela assumiu a agressão e disse
- Bati mesmo. O pior é que ela fazia isso na frente das crianças. São
três netos dela que assistiam
a tudo. A agressora também trata as crianças com xingamentos e
palavrões e, a partir do momento que age desta forma junto aos netos
acaba fazendo apologia ao maltrato dos animais, construindo uma atitude de violência", ressaltou.
Maltratar
animais se configura como crime ambiental conforme lei federal
9.605/98, artigo 32. A pena para o agressor é de no mínimo três de
prisão podendio chegar a um ano, além de multa.
Na
casa, cujo cenário realça a escuridão, descaso e "um local fétido",
como caracterizou a vereadora, é possível constatar o abandono e
miséria. Ontem, apenas o cão mostrado
nas imagens foi resgatado. Joabia não quis entregar um filhote de
cachorro e um gato que também vivem no local. "Ela disse que estes não
maltrata não. Mas, ela
já teve um animal que morreu de tuberculose por falta de cuidados e já
estamos entrando com uma ação judicial para resgatar os outros dois",
reforçou Ana Rita, garantindo
que irá entrar com um pedido para que ela (a agressora) se abstenha de
ter animais. "Ela não tem condições moral e ética para ter um bicho de
estimação", relatou
a Ana Rita, informando que Joabia assinou uma notificação extrajudicial
e um termo de adoção após as denúncias serem constatadas. A vereadora
Ana Rita Tavares acredita que uma delegacia especializada em Defesa dos
Animais possa amenizar a impunidade diante destes casos.
Na
rua onde Joabia mora uma sensação de alívio, revolta e temor por parte
daqueles que acompanham o sofrimento dos animais que vivem com esta
mulher. No vídeo,
o cachorro- cuja aparência raquítica revela a fome - derruba o lixo
atrás de comida e perambula pelas vielas toda madrugada. Ainda assim,
antes do amanhecer, o cão retorna para o lar - mesmo que lá seja
diariamente maltratado e esquecido.